- Tia, me empresta o lápis cor de pele?
Essa atividade surgiu a partir de uma busca constante por um único lápis de cor para os estudantes se autorrepresentarem nos desenhos.
Já tínhamos conversado anteriormente sobre identidade, diferenças e algumas questões raciais. Mas ao iniciar um mural com autorretratos, a busca pelo lápis "cor de pele" começou. Ao perceber que quase todos os estudantes procuravam pelo lápis rosa claro, resolvi parar a atividade planejada e propor uma brincadeira de achar em seus estojos qual lápis de cor mais se aproximava dos tons de suas peles.
Sem pestanejar, eles se envolveram rapidamente nessa busca. Alguns estudantes acharam que a mistura de duas cores os representaria. E assim nos dispomos a nos observar com mais cautela e atenção, e descobrimos que o lápis cor de pele pode ser o bege, o marrom escuro, o marrom claro, o preto, o laranja, ou qualquer outra cor que desejem.
Como referência desta atividade foram utilizadas algumas imagens da
artista visual brasileira Angélica Dass e seu Projeto Humanae, uma coleção de
fotografias que revelam a diversidade de cores humanas para além da escala
Pantone. Além disso, a pesquisa de Camila Machado de Lima, mestre e doutora em
educação pela UNIRIO e atualmente professora de Educação Infantil do Colégio
Pedro II, e pesquisas no campo das Artes, dos currículos e dos cotidianos
também serviram de referências teóricas para a atividade. Autoras como Ana Mae
Barbosa, Nilda Alves e Noale Toja também estavam presentes neste trabalho.
Todos os estudantes envolvidos na atividade puderam explorar, conhecer,
fruir e analisar práticas e produções artísticas do seu entorno
social para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e
sensível a diferentes contextos. Também foram
mobilizados recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação
artística. E por fim,
conversamos sobre as experiências individuais e coletivas, para dessa forma
alcançar sentidos plurais na criação artística.